Blog da família Coutinho, com origem em Sedielos - Peso da Régua, e hoje espalhada pelo mundo. Este será um meio de comunicação entre nós e os amigos. Publicaremos também alguns artigos de interesse geral, nomeadamente sobre o nosso querido Douro.
Quarta-feira, 28 de Maio de 2008
PASSEANDO PELO DOURO

            Para quem gostar de conhecer Portugal e descobrir as suas potencialidades paisagísticas, encontra no Douro uma das zonas mais ricas e mais espectaculares de todo o país. Vamos aqui fazer uma viagem na qual iremos percorrer a parte que é, justamente, considerada Património Mundial da Humanidade. A sua grande beleza começa a notar-se a partir dos finais de Fevereiro, ainda em pleno Inverno.

Vamos iniciar a viagem partindo de Vila Flor em direcção a Torre de Moncorvo, seguindo a rota das amendoeiras em flor.
Vila Flor é um concelho cuja fundação, segundo se diz, remonta ao século XI, após o declínio das invasões mouriscas e o início da política real de repovoamento do território. Nele podemos admirar vários monumentos históricos, tais como o Arco de D. Dinis, a Forca do Freixiel e a Fonte Romana (Antiga Fonte do Poço), entre outros. A Igreja Matriz, dedicada a S. Bartolomeu, é essencialmente barroca, sendo os altares colaterais em talha dourada do séc. XVII. Exemplar raro de habitação senhorial, actualmente transformado em Museu Municipal, é o Solar dos Aguillares, primeiros donatários desta vila, do séc. XII/XIV, com as armas reais na fachada principal e a Flor do Liz na fachada poente. Podemos também subir ao Monte de Nossa Senhora da Lapa e visitar o Santuário de Nossa Senhora da Assunção e daí admirar em todo o seu esplendor a bela panorâmica que nos é oferecia pelo colorido das amendoeiras em flor.
No percurso entre Vila Flor e Torre de Moncorvo, para além das amendoeiras em flor, podemos também admirar a bela paisagem que nos é oferecida pelo rio Tua e as suas margens, passamos pelo Cachão, uma localidade muito simpática, e chegamos à Foz do Rio Sabor, onde se impõe uma paragem para podermos encher os pulmões de ar puro, relaxar um pouco, admirar a bela paisagem que nos é oferecida pela junção dos dois rios, o Sabor e o Douro, e usufruir da Praia Fluvial existente no local.
Subimos depois a Torre de Moncorvo e paramos para visitar a sua Igreja Matriz, classificada como Monumento Nacional, cuja construção se iniciou em 1554 e demorou 100 anos a ser construída. Na fachada principal destaca-se a torre e o belo pórtico de estilo renascentista e o interior ostenta um grandioso retábulo setecentista e uma das mais notáveis obras de arte – o tríptico de Sant’Ana, de origem flamenga. Destacam-se ainda a Igreja da Misericórdia, a Capela do Sagrado Coração de Jesus e a Capela de Santo António. Existem ainda alguns vestígios do Castelo Medieval que remonta ao reinado de D. Dinis que podem também ser admirados. Depois vamos subir ao Miradouro de S. Bento e Santa Leocádia, que tem cerca de 610m de altitude, donde podemos apreciar uma bela vista da Vila de Torre de Moncorvo e essa maravilha da natureza que é o Vale da Vilariça.
Seguimos agora em direcção a Freixo de Espada à Cinta, onde vamos encontrar uma vila que possui uma série de mais-valias turísticas, oferecendo ao visitante diversas alternativas de lazer. Nela podemos admirar a Igreja Matriz, que data do começo do século XVI, cujo interior é uma réplica da Igreja dos Jerónimos e onde se podem admirar na capela-mor um valiosíssimo retábulo quinhentista com 16 telas atribuídas a Grão Vasco. Temos ainda uma torre (Torre do Galo) que resta do castelo que existia quando esta vila era uma poderosa praça de guerra medieval. O Rio Douro que banha o concelho e o separa de Espanha é um elemento que caracteriza a sua beleza paisagística. No presente é já possível navegar ao longo do rio através de viagens organizadas e saborear a riqueza natural que impera no Douro Internacional. Esta vila possui uma bela praia fluvial, a praia da Congida e vários miradouros, dos quais destacamos o miradouro do Penedo Durão, de onde podemos admirar uma excelente vista, que oscila entre o belo e o horrível, sobre o Rio Douro e podemos também contemplar o voo de várias espécies de aves tais como o grifo, o abutre do Egipto, a águia real e a águia de bonelli. São outros locais de destaque o Cavalo de Mazouco, gravura rupestre atribuída ao paleolítico superior e a Calçada de Alpajares, uma via romana. Freixo de Espada à Cinta também é riquíssimo sob o ponto de vista artesanal.Como exemplo emblemático temos a cultura da seda. Nesta arte ainda são utilizadas técnicas tradicionais que vão da criação do bicho-da-seda, passando pela extracção da seda e terminando na manufactura de colchas, toalhas, panos e outros trabalhos.
Vamos depois fazer uma descida sinuosa até Barca de Alva, sempre com o Rio Douro à vista e vamos aí encontrar uma localidade que está inserida num local privilegiado na confluência dos Rios Douro e Águeda. A beleza natural surge aqui em todo o seu esplendor, pois as amendoeiras impõem a sua beleza e o local cativa os visitantes. Barca de Alva possui nesta altura um Porto Fluvial onde param os barcos que fazem as diversas viagens turísticas no Rio Douro.
Seguimos depois para Vila Nova de Foz Coa seguindo a rota das Amendoeiras em Flor. Vila Nova de Foz Coa é uma vila onde as amendoeiras, para além da sua importância económica, tingem de branco e rosa as suas encostas e constituem uma importante atracção turística durante os meses de Fevereiro e Março, sendo essa a melhor altura para visitar este concelho que é, justamente considerado, a Capital da Amendoeira. Para além disso possui também um importante legado histórico e arqueológico sendo de realçar a sua Igreja Matriz, as ruínas romanas de Prazo e as famosas Gravuras Rupestres do vale do Côa, hoje consideradas Património Cultural da Humanidade.
Outra riqueza destas terras são as suas paisagens, sempre diferentes e admiráveis, que podem ser apreciadas nos impressionantes miradouros espalhados pelo concelho. Um outro ponto de visita é a Freguesia de Freixo de Numão, que nos deslumbra com o seu Museu da Casa Grande e um circuito arqueológico do período romano.
Vamos agora deixar a zona das Amendoeiras e entrar noutra zona onde predominam os vinhedos plantados nas encostas cujos socalcos lembram um grande escadario pintado de verde. Chegamos a S. João da Pesqueira, onde podemos também fazer uma paragem para descobrir os seus inúmeros vestígios arqueológicos visíveis nos diversos castros e castelos tais como o Castro de Paredes da Beira, Castelo Velho, Castelos de Chã, de Reboreda, da Fraga de Alcaria e muitos outros. Podemos também visitar a Igreja Matriz e a Praça da República, harmonioso conjunto recentemente recuperado a nível de fachadas e pavimentos onde ressalta a capela da Misericórdia, também conhecida pela invocação de Senhora dos Remédios (a quem foi dedicada). A fachada frontal é barroca e revestida com dois painéis de azulejos que figuram Cristo curando um enfermo e Cristo e a Samaritana.
Vamos agora descer de S. João da Pesqueira até à Régua e vamos encontrar no trajecto uma das zonas mais espectaculares que o Douro nos pode oferecer. São os imensos vinhedos onde o engenho e a mão do homem construíram os admiráveis socalcos que trepam do grande Rio às cumeadas azulinas das montanhas por não haver mais terra. Chegados à Régua, vamos encontrar uma cidade moderna que conheceu a sua condição de concelho após a época pombalina no ano de 1836, embora alguns historiadores considerem que foi habitada durante as invasões romanas e bárbaras.
A nível patrimonial destacam-se nesta cidade a Igreja Matriz, a Capela do Cruzeiro, Cruzeiro do Senhor da Agonia, Casa Vaz, Casa do Dispensário, todas datando do Século XVIII. Temos ainda a Real Companhia Velha (futura sede do Museu do Douro), o Padrão Comemorativo da viagem de Gago Coutinho e Sacadura Cabral e as três pontes. Em Galafura, podemos visitar a Igreja Matriz (séc. XVI), o seu Campanário, um Cemitério Mouro e ainda o miradouro de S. Leonardo, um dos miradouros mais bonitos de toda a região duriense, onde Miguel Torga mergulhava no rio e se embrenhava na paisagem magnânima deste “Doiro Sublimado” que num dos seus “Diários” chamou de excesso da natureza.
Concelho fortemente agrícola, com destaque para a produção do vinho, na época das vindimas, assume particular protagonismo. Nos últimos anos, a vindima tornou-se um dos mais fortes motivos de atracção turística e isso fez com que, por toda a região, se começasse a organizar actividades de animação paralelas relacionadas com o vinho e com tudo o que a ele está associado. Existe aqui também um excelente porto fluvial onde chegam e partem os barcos que fazem as viagens turísticas no rio Douro.
Depois de fazermos a visita a esta cidade, podemos dar um passeio relaxante seguindo o Rio Douro até ao Pinhão. Este passeio pode ser feito de barco, de comboio, ou de automóvel sendo certo que, seja qual for o meio de transporte, vale a pena concluir esta viagem que lhe sugerimos desde Vila Flor até aqui, seguindo este trajecto desde a Régua até ao Pinhão, onde podemos desfrutar de toda a beleza que o Douro nos pode oferecer, as suas águas calmas onde se pode praticar pesca desportiva e outras actividades relacionadas com a motonáutica e onde podemos admirar as belas quintas onde se produz o célebre vinho a que chamam Vinho do Porto.
É claro que o Douro não é só isto, o Douro tem muito mais para ver. Esta viagem foi uma das que eu mais gostei e por isso estou aqui a sugeri-la. Experimente você mesmo percorrer este trajecto e diga-me se valeu ou não a pena.
 
Joaquim S. Coutinho.
 
 


publicado por MSC às 01:29
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